quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Diálogo

Um dia páro de falar sozinha.
Mas falo sozinha por estar sozinha.
Parece que quando começo a pensar...
Não há ninguém para ouvir.
Também não sei quem quereria ouvir.
Passo os dias a preparar-me.
Para o dia em que encontre a pessoa ideal. Ideal para me acompanhar nos meus demasiados deamboleios a solo.
Quando as palavras se formam na minha cabeça...
Quando preciso de as escoar.
Mas por vezes chego-me a mim própria para conversar.
Discuto.
Debato.
E repito ideias comigo até à exaustão.
Repito-as
Ao ponto de soarem falsas e ensaiadas aos meus ouvidos.
Mas não são.
Juro que não são.
Ou talvez...?
Não...
Não...
Raios, soa tudo errado.
Espera.
Pára.
Volta atrás.
Não.
Mais atrás.
Ao verso anterior.
Não...
Não há versos.
Volta ao principio.
Não, pensando bem...
Vai até ao fim.
Quem?
Eu?
Mas...esquece.
Chorrilho de enchorradas de perdigotos.
O meu cérebro parece um enorme chorrilho de verborreia.
Tenho de parar.
Tenho de escrever mil e uma vezes a mesma frase
Até que o meu cérebro esteja cehio dela e nada mais.
Até talvez consiga ver o seu sentido...
Ou a falta dele.
Não.
Não é isto que eu quero dizer.
Aaaaaah! Bolas!
Pára.
Volta atrás.
Segue.
Espero ser especial.
A banalidade assusta-me.
Se não for banal...
Só aí vou encontrar a pessoa que imagino querer amar.
Ah...já sei.
Comecei isto porque...
Eu não sei amar.
Eu não sei o que é aquilo que supostamente é mesmo importante.
Eu não sei o que é o amor.
Não...eu NÃO sei o que é o amor.
Eu não SEI o que é o amor.
EU não sei o que é o amor.
Dá-me um estalo.
Não.
Pára.
Recomeça.
A minha mãe diz que eu sou especial.
Mas não estão a perceber.
Ela não diz a todos que são especiais.
Bolas...
Como eu odeio quando ela diz aos outros que são especiais.
Mas...não.
Não é isto que importa agora.
Eu não quero morrer como toda a gente.
Com o cheiro a desinfetante.
Bolas...
Como eu odeio o cheiro a desinfetante.
Faz-me pensar em seringas.
Bolas...
Como eu odeio seringas.
Ah! Cála-te!
Não é isto.
Quando me apaixonar vou sentir.
Sentir tudo aquilo que agora acho vazio.
Porque os sentimentos só são válidos quando os temos por alguma razão.
E...a razão que é válida é o amor.
E a razão que é válida é...
O amor.
O amor por algo.
Eu estou sozinha e vazia porque não sei o que é o amor.
Quando amar posso sofrer.
Não, não é que eu queira só sofrer.
Mas...quando sofrer quero que seja por amor.
Sim.
Parece-me bem.
Não sei se fiz sentido.
Bolas.
Espera.
Tenho que voltar atrás.
Eu não sei o que é o amor.

Sem comentários: